As vezes me sinto intrusa no mundo, sabe?
Depois de uma tarde de muito calor, fui prosear um pouco com uma amiga naquela praça perto de casa. A noite caiu e como todo fim de tarde no verão, a chuva veio refrescar os pensamentos. Ela se foi e continuei sentada ali, e as idéias iam longe. Estava lembrando do tempo que eu ainda pertencia a esse mundo.
Parece loucura, mas não me sinto mais daqui. Seria pedir muito se quisesse acordar desse estranho sonho?
As vezes, me pergunto do que é mesmo que sinto tanta falta. É de mim ou do meu mundo?
Com olhos marejados, acendo um cigarro e deixo a primeira lágrima escorrer. Escapam os pensamentos e, por um momento, esqueço o motivo do soluço entre lagrimas.
Ah! Esse amor que eu não consigo deixar de querer. Quero teu corpo sob o meu, deixar que as mãos trêmulas percorram suas curvas suaves. Beijar-lhe o pescoço só para ver-te arrepiar e levantar o rosto, olhando pra mim, vestindo um sorriso timido e afirmativo. Deitar em teu colo para ouvir suas palavras mal elaboradas. Ou mesmo ficar te olhando, a noite inteira, velar teu sono, decifrar teus sonhos. E isso tudo para acordar e escutar um "bom dia" sussurrado.
Quando senti uma brisa forte no rosto, voltei a esse mundo estranho, sequei as lágrimas que ainda escorriam, acendi outro cigarro e fui embora. Sabe, vai se aproximando o fim do ano e sempre lembro daquele mesmo sorriso, daquele mesmo amor.
Quem sabe um dia ainda entendo esse mundo louco que vivo.
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