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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Antigos amores, presente verão

As vezes me sinto intrusa no mundo, sabe?

Depois de uma tarde de muito calor, fui prosear um pouco com uma amiga naquela praça perto de casa. A noite caiu e como todo fim de tarde no verão, a chuva veio refrescar os pensamentos. Ela se foi e continuei sentada ali, e as idéias iam longe. Estava lembrando do tempo que eu ainda pertencia a esse mundo.
Parece loucura, mas não me sinto mais daqui. Seria pedir muito se quisesse acordar desse estranho sonho?
As vezes, me pergunto do que é mesmo que sinto tanta falta. É de mim ou do meu mundo?
Com olhos marejados, acendo um cigarro e deixo a primeira lágrima escorrer. Escapam os pensamentos e, por um momento, esqueço o motivo do soluço entre lagrimas.
Ah! Esse amor que eu não consigo deixar de querer. Quero teu corpo sob o meu, deixar que as mãos trêmulas percorram suas curvas suaves. Beijar-lhe o pescoço só para ver-te arrepiar e levantar o rosto, olhando pra mim, vestindo um sorriso timido e afirmativo. Deitar em teu colo para ouvir suas palavras mal elaboradas. Ou mesmo ficar te olhando, a noite inteira, velar teu sono, decifrar teus sonhos. E isso tudo para acordar e escutar um "bom dia" sussurrado.
Quando senti uma brisa forte no rosto, voltei a esse mundo estranho, sequei as lágrimas que ainda escorriam, acendi outro cigarro e fui embora. Sabe, vai se aproximando o fim do ano e sempre lembro daquele mesmo sorriso, daquele mesmo amor.
Quem sabe um dia ainda entendo esse mundo louco que vivo.

 

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