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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pele

É tão bom cheiro de pele. Aquele aroma suave que ao mesmo tempo se traduz tentador pelo olfato, entra no teu corpo e aloja nos pulmões causando torrente no coração. Palpitação. Taquicardia. É o saltar mais gostoso do peito. Ao passo que internaliza, esse perfume inebriante se confunde com o ar e a respiração causa nostalgia de cheiro. Se torna lembrança. A gostosa sensação de busca.
O cheiro se transmuta em gosto. E ai sim, causa a incontrolável vontade de sentir, tocar. O cheiro toma forma, proporção. O toque na pele ardente emaranhada de um sulco próprio. E a superficie quente que entra em contato com a ponta dos dedos. Há um tremor involuntário. Mas dilacera. E a união dos corpos quentes, buscando saciar um desejo. O desejo do cheiro.
Ai, o cheiro da pele, o gosto que ela me trás. A vontade do toque, de percorrer cada pedacinho do cheiro que exala. A audácia do toque.
Corpo que cheira pele, pele que sente o gosto.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O mundo permanece estranhamente igual e ela, também..

E ela acordou. Tudo parecia no mesmo lugar, mas os olhos não reconheciam a realidade. Tudo estranhamente igual e espalhado. Se levantou, e como de costume, seu café já estava preparado do jeito que lhe parecia conveniente, à temperatura e levemente amargo. Serviu e acendeu um cigarro. Observando a fumaça desenhar seu rosto e o aroma do café invadir-lhe a alma, tropeçou entre seus pés sem sair do lugar. No espelho a marca do cansaço e do desespero: olhos fundos, avermelhados e sem brilho. Sem ao menos saber quem se via transcender, aquela imagem não lhe pertencia. Do outro lado do vidro aparecia um outro ser, sem vida, sem movimento.
Corria contra o tempo e parecia cansada de correr de uma coisa que permanecia intacta, estacionada em seu lugar. O tempo. Passa. Voa. E permanece parado. Ela continuou, sem confiar a si mesmo que dentro de si morria um pedaço. Aos poucos. Uma lembrança do que foi e do que poderia ser. Perdida entre os espaços do tempo.
O caminho que percorria todos dias, lhe remetia estranhamento. As árvores, a que tanto gostara, desaparecera. Os carros, se viam a velocidades oscilantes ora rápidos demais, ora em câmera lenta. As pessoas lhe observavam e ela, assustada. Era tanta gente, tantos rostos estranhos e alguns até levemente doces e atenciosos. E assim o dia continuou acontecendo, como todos os dias, iguais. Os mesmos rostos, os mesmos ventos,  até as folhas que caiam das árvores pareciam iguais. O escuro tomou conta de seus olhos, a noite lhe batia a porta. Caminho para casa e em breve, o mesmo colchão encostado na parede, com o lençol branco-amarelado e o travessseiro jogado a esmo lhe esperava para mais uma noite de cigarros e a garrafa de gim seco barato que acompanhava seus pensamentos.
  E ela, enfim, não pertenceu ao dia. Ele se foi, sem que tomasse as medidas do estranhamento. O mundo permanece estranhamente igual e ela? Ela também está irritavelmente igual a todos os dias.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Titulo - em branco

O tempo e as coisas caminham em um ritmo desconexo, realça a magnitude do pensamento e mesmo assim permanece. Cada instante, cada fração desse tempo que buscamos entender é a explicação para que nunca entendamos.
Por que são muitos os elementos da conversa, cada frase colocada. Se você postula mal essa ordem, pronto, é o fim do caminho. Ou o começo - já que o começo é sempre o fim de algum lugar. Um ciclo, uma promessa.
Muita informação, mas pode ser que informação nenhuma. Sabe, quando acordo faço o mesmo ritual. Abrir os olhos, depois fecha-los, pensar no dia que começa. E leio a mesma frase escrita a lápis no papel que colei a altura do pensamento: "Você não vai encontrar caminho nenhum fora de você. E você sabe disso. O caminho é in, não off" (C.F.A)
Para vida seguir um caminho, tomar outro, voltar a bifurcação que lhe tirou o chão, isso só depende de nós. Somos autores do nosso próprio livro de sonhos. Se ali aparece um pesadelo, uma árvore sem frutos, uma lágrima pausada no canto do olho esquerdo, foi escrito por quem?
Temos então, uma página em branco. O meu livro já está amassado, marcado pela sombra do lápis escuro que escrevi com força e depois apaguei. Não sai do pensamento o que escrevemos, nem a borracha tira-nos a lembrança. As vezes, dou-lhes o direito de pegar a minha mão o lápis e dialogar com a minha página em branco. Aproveite. Esse tempo pode não ser por muito. Te ofereço o titulo, já me propõe direito a muita explanação.
E lá no fundo há um grande relógio que marca horas contrárias, sem sentido, para você não se perder. Não há atrasos. Então, segue, mas liberte-se para que os ponteiros do relógio volte a girar no sentido das coisas.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Imagens do tempo

Remexi minhas gavetas e revivi lembranças. Fotos antigas, amareladas pelo tempo. Algumas me arrancaram sorrisos e histórias, outras, lágrimas e mais histórias. Tenho um pouquinho de cada uma delas na essência que me constrói, ou destrói, talvez.
O meu medo de escuro, veio de uma imagem bonita, de infância. A menininha de cabelos desgrenhados, sozinha no sofá da sala de vó. Boca grande e lágrimas nos olhos. Tinham tirado de mim a companhia mais prazerosa dos momentos de choro. A sala sem muitos móveis, apenas aquele sofá verde, a televisão e um enorme espaço que me proporcionou quedas e brincadeiras surreais.
Da outra lembrei da sede por liberdade. A primeira queda de bicicleta. O vento bate no rosto e o sorriso transparece involuntariamente. Caí feito fruta madura no pé, ganhei um galo na testa e minha primeira conquista: Aprender a andar de bicicleta sozinha.
Ai veio a mangueira. Onde aprendi a subir em árvores. Foi ali que vi a única coruja da minha vida, da janela, com olhos pretos e penetrantes, brilhava tanto que hipnotizava. Descascava a fruta ainda verde com a boca e comia com sal. Sempre ouvia que ia morrer, mas ainda continuo aqui. Bom, hoje, ela já não existe mais, tem cimento e pedras cobrindo o túmulo da minha infância bonita e cheia de histórias. Aquela era a minha alegria: trepar na árvore, brincar descalça na terra, colher café para a tarde e comer alguns grãos, correr atrás das galinhas quando soltas e inventar coisas no balanço feito pelo meu avô.
Mais tarde, notei que a criança tinha crescido. A foto ao lado do primeiro amor. Aii, quanta lembrança. Achei, junto a foto, o bilhetinho que escrevi e nunca entrei. O menino parecia um ratinho, mas fazer o que (?!) foi ele que me fez derramar a primeira lágrima de amores platônicos. Primeiros anos de escola e como ele poderia olhar pra mim, eu joga bola com ele no pátio. Pudera! Primeira desilusão.
Tem um álbum, em especial, que choro sempre que vejo. Onde estão as pessoas que me iniciaram no meu mundo de hoje: a arte. Palhaços, pirotecnia, música, performances. Ali tinha de tudo. Uma casa pequena, mas que abrigava alguns personagens brilhantes e tinha nos quatro cantos espalhados a arte. Foi onde traduzi a vida em melodia pela primeira vez, tinha meus 11 ou talvez 12 anos. Pronto! A partir daquele momento eu não tirei de mim a sensação mais gostosa, era uma liberdade e um brilho intenso nos olhos. Que carrego até hoje quando subo no palco.
São tantas histórias, tantas fotos, tantas lembranças, tanto de mim. Sou isso tudo. O medo de ir sozinha, a liberdade do vento, o contato com a natureza, a paixão pela arte, um tanto de desilusão e muito de amor. Nesse meio tempo me deparei com outras coisas que fazem de mim o que sou. Pessoas, lugares, espaços e desencontros. Os perdidos são maiores, mas encontrei flores que trago comigo. Da intensidade silenciosa, do amor inteiro, da música, dos palcos, da vida, da liberdade. De um todo (ou tudo) que sinto falta e de um todo (ou tudo) que tenho.
Sou imensidão vasta presa dentro do peito. Imaginação inebriante. Sou amigos, sou amor, sou familia, sou arte, sou gosto, sou desejo e disso tudo quero apenas completar: sou um todo de uma parte que já me tinha.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Cinza demais

Tem dias que acordo com vontade de voltar ao sono, só para continuar estontiada com o clarão que transparece naquele sorriso e esquecer que meus olhos precisam se abrir.

E hoje é um daqueles dias que amanheceu tudo cinza. Nem o azul do céu, tampouco o brilho do sol. Os olhos marejados, a ausencia do sinal. Fez-se da dança, o balançar do corpo inerte. Parece que o coração pára batendo rápido demais. É sentir a passagem do sangue quente percorrendo cada milimetro do corpo. Uma certa mistura de sensações termicas, quente e frio.
Sem brilho e vivacidade, a lente da câmera que está em minhas mãos. Embaçado demais para tornar limpida e suave a imagem. Opaco! E tudo que eu queria era um abraço dos braços que me aconchegam...

quarta-feira, 30 de março de 2011

Diz de sensação e essência, dentro de mim, chamo de amor

É engraçado como sensações podem ser unicamente sentidas e compartilhadas por pessoas diferentes, em momentos distintos e de diversas formas. Nesses ultimos tempos, as sensações brotam em mim em um misto de essências, prazeres e dores. Mas de todas, a que eu sempre gosto de relembrar é a imagem de quando, depois de te ver sorrir e te abraçar sem mesmo te conhecer e sentir o teu cheiro em mim, a tua boca chegar a minha e eu a ver através da lente da câmera que buscava registrar o momento. (meus olhos tocam essa foto todos os dias). Foi o beijo mais doce e ardente que já ganhei, com ternura e desejo, com sede e carinho. É como arder sem se queimar, mas se queimasse eu também estaria com um sorriso largo porque saberia que a marca me lembraria o rosto singelo e lindo, o sorriso gostoso e invasor, o gosto que não sai da boca, o cheiro que enebria o meu ar. Lhe descrevi essa cena, com as palavras enchutas, recolhidas na timidez.
Hoje, me deparei com um texto, escrito por uma amiga, que descrevia um momento unicamente dela, mas que me lembrou muito a sensação gostosa de manter sempre vivo na memória e sentir o coração palpitar, o sorriso não caber em mim quando me recordo daquele momento vivido com quem habita a minha vida. Deixo ai para os que quiserem entender a sensação que compartilhei com ela fumando um cigarro, agora com palavras que não são minhas, mas que poderia ser. Um sentimento meu descrito pelo momento de uma amiga, em outro tempo, mas que se pareceu tanto.
Nina, só para constar, belas palavras, agora sim entendo o que nem precisou me dizer. Vai ser feliz como eu sou com a pessoa incrivel que caminha do meu lado. Se permita a viver, assim como eu e ela estamos nos permitindo.

"O verbo amar a razão rejeita."
E me diz para que buscar a razão? Eu vivo em plenitude quando estou amando..


"           Boa noite
Agora, minhas noites parecem longas e quentes... e frias também; o frio causado pelo calafrio, aquele que não só me arrepia por completo, mas também me paraliza e acelera...
Ela me cobre, e me aquece... ela pode me sentir...  causando sensações de tormento e desejo... fiquei tonta demais pra descobrir  qual sensação era a verdadeira.
Me perdi na escuridão daqueles olhos e no hálito doce e ardente da sua boca... ela me envolvia protetora e audaciosamente, sua mão gélida deslizava na minha pele inflamável provocando faíscas de profundos desejos... receiosos e desconhecidos... eu já estava absurdamente hipnotizada, procurando respostas que explicassem aquela deliciosa confusão em mim...e já incapaz de me afastar... suas mãos se fundiram em meus cabelos, me levando a um transe malicioso e assustador , fazendo com que descargas elétricas percorressem todo o meu corpo... era como flutuar numa ilha de energia... Meu Deus! Que sensação embriagante de ternura e prazer...
Nesse momento, senti como se nossas essências estivessem mergulhadas numa só alma... me dei conta de que estava totalmente entregue quando ela trabalhou seus dedos longos e frios por cada feição do meu rosto...e quando alcançou meus lábios, meu coração martelava violentamente no peito e de repente eu senti o sangue borbulhar e correr nas minhas veias... Cada centímetro dela se encaixava em mim como se não pertencêssemos a mais nada. E quando alcancei sua respiração, a doçura me inundou...meu controle se perdeu no toque eletrizante daquela pele fria no meu pescoço.. .o calor daquele corpo me arrancava toda a razão, destruindo todos os meus muros e me afogando no sabor daquele momento... a sensualidade daquele carinho me fazia tremer, e eu tremia... os braços dela me envolveram e eu tinha a sensação que cada terminação nervosa do meu corpo era um fio desencapado, então eu tive que me lembrar de como respirar... eu precisava respirar! Aí eu desisti de tentar pensar... Simplismente aceitei todo o seu feitiço... toda a fantasia perfeita e deliberadamente delicada... os movimentos dela pareciam de uma leveza horripilantemente sedutora, precisei pressionar meus lábios num ato desesperado de esvair toda aquela vontade...
Estavamos num redemoinho de fogo... o universo podia esfarelar ou explodir, ou mesmo arder em cinzas... desde que eu pudesse mantê-la segura, dentro de mim."
                                                                                                    Nina Araújo

sábado, 26 de março de 2011

Falando de flores, traduzindo o amor..

Meninas são tão frágeis, mulheres são tão sensíveis.
Feminino - é significativo causar a razão às coisas. Mulheres cultivam jardins e campos de flores, para ve-las nascer, crescer e depois, morrer. Caem ao chão sem pétalas, sem o perfume que exalava com o vento. Flores tem vida própria, lutam pela sobrevivência. Quando estão junto a terra, semeiam o pólen para procriar vidas. E criam muitas delas: bonitas, perfumadas, vistosas aos olhos e sensivel ao coração. Mas há mãos pesadas, que teimam em tirar o brio daquele olhar, arrancando-nas. Corrida contra o tempo. E sempre está ali, o seu lado feminino tentando não deixa-las ir, é zeloso as vezes. O cuidado parte de mãos suaves - mulheres. A lei da natureza entra em ação e elas, mesmo com o carinho da alma feminina, morrem. Sem a vivacidade exuberante que tinhas, mas com o contorno da forma suave e agora seca.
Meninas, brincam e correm nos jardins e nos campos cultivados. A delicadeza dos olhos confundem-se com a maravilha das flores. Ela não entende esse ciclo, mas eu sim, o vejo e experimento a rotatividade do tempo. O toque é ingênuo, o respirar enche teus pequenos pulmões de um cheiro agradável. Elas sorriem e dançam, juntas, ao vento. São cores tão chamativas que hipnotizam. As mãos ríspidas tornam a arranca-las. Os olhos da menina partem de uma tristeza, como se algo fosse arrancado de dentro dela. A lágrima é inevitável.
Chega a ser cruel o que fazem. E eu me pergunto: será mesmo que o coração sensivel, aberto pelo sopro infantil, aguenta? Será que os olhos que brilham com encanto, permanecerá? E o sorriso transcendente, continuará estontiador?
O ciclo daquela flor ruiu, mas ela deixou alguns descendentes que tratariam de manter suas cores e seu perfume. O campo ainda está florido, não se acaba com eles desta forma. Nem devastações, nem temporais. E a menina/mulher, agora vestidas de um mesmo trage, caminham entre as flores guardando o encanto. A alma feminina, o corpo, a mente e os desejos. Era uma linda flor, mas continuariam ali, para cuidar das que ficaram.

O amor que está em mim...

quinta-feira, 24 de março de 2011

Mulheres são também meninas..

É incrivel como a passem cronológica do tempo dá saltos, pode-se ir de uma fase a outra da vida em questão de segundos. Nesse momento, sou menina demais. As vezes tropeço no cadarço do tênis que nunca uso e caio, sem chão, sem apoio - a criança chora e está prestes a jogar o sapato causador do tombo pela janela. Do tempo, posso apenas aprender com os tropeços e, boa parte das vezes, a pena é severa. Estou com um machucado em cicatrização.
Mas sabe que tem algo bom atrás da minha criança? Correr pelos campos como se nada mais existisse; sentir os olhinhos brilharem quando ganho pirulito; fazer cara de "gatinho do Sherek", com os olhos de piedade quando faço coisa errada; subir em roda gigante e poder segurar a tua mão com medo, mas mesmo assim balançar as pernas (porque sou grande demais para conseguir fazer isso em bancos de praça). É assim, todo mundo tem seu lado. Esse é o lado que gosto, o outro, o tempo trata-se de acelerar.
Meninas são tão mulheres, e assim se perdem no tempo e no espaço. A menina que quer sempre fazer pose com o pirulito na boca e a mulher que dilacera com os tropeços dela mesma. Um sussuro da ingenuidade. A agonia. O impulso. A lágrima, o susto e o beijo. E no final, a gente sempre aprende, o amadurecimento das relações internas só chega assim. O tempo.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Reticências..

Tem horas que chegamos a beira do abismo e a terra chega a cair. O susto me deixa sempre tão atonica. Não sei o que dizer, mas aqui dentro dói, dói tanto. Estou na beira do abismo e falta só um sopro pra me derrumar. A lágrima escorre, mas tento segura-la, pois ainda me resta um fio da esperança desse mundo que construi..


Talvez seja um tanto de palavras sem cabimento, jogada ao vento lá fora para chegar a algum lugar que não seja aqui.
E eu ainda quero voltar a declamar versos bonitos. Por enquanto, nesse momento, só posso dizer isso, dói muito a insegurança de não ter certeza da dúvida!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Retrato

É do sorriso que me invade
Do olhar que me despe,
da ternura desse olhar.

É a vontade da infinidade
Levando a razão,
para o estado de insânia.

É como se o dia não bastasse
quando a presença me escapa.

Chegue mais perto,
deixa eu lhe mostrar o brilho desse olhar?
Descubra teu corpo,
despindo o mundo para mim?

E volto a dizer,
Que o retrato aqui presente
é a realidade do que é amar.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Feridas da carne

Sentimentos são feridas, latejantes ou não, sofrem o doloroso processo de cicatrização quando, por ocasião, findam. É a inconsciência alheia que grita pelos olhos. Deixam marcas que chegam a percorrer intrinsicamente teu corpo. E ficam! Mesmo que essa não seja a tua vontade, eles sempre ficam. E os resquicios são inevitáveis. O desenho que você sempre lembra pregado a um canto qualquer do pensamento.
As pessoas pra mim são assim, as vezes, viro refém ativa de feridas. E algumas delas se tornam eternamente quente, pulsando onde se chega a ver até o movimento da carne ainda viva. É aqui que o sangue escorre, vermelho paixão e não pára. É um sentimento que cativa, que perfura a pele transformando o que não existe em algo tão real que chega a ofuscar os olhos. A lâmina do prazer rente a pele desliza firme. O corte é preciso e, voilá, ai está a marca que nunca mais sairá do seu imaginário. E o que opera não é a dor, mas a satisfação de nunca se esquecer. De ter em si, desenhado a mão com a minusiocidade de um artista, a figura perfeita do objeto da sua salvação. A invocação do desconhecido, a invasão do prazer, a vivacidade do belo. Obra de arte, sim! Não deixaria tatuar-me o corpo se não soubesse que teria estampado na face um sorriso doce.

O gosto peculiar ainda na boca e os pés descalçados pousados ao chão. Fim de tarde, a meia luz vinda do céu e aqui, o brilho regado de afeto nos olhos e um leve sorriso se confundem às cores bonitas ao seu redor.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Simples desejo, atitudes e um pouco mais de sentimento..

Hoje acordei pensando em fugir, buscar o todo que é meu e sair por aí entre ruas e avenidas desfilando, como os desfiles de carnaval onde a alegria transborda. Abri os olhos e senti o perfume que exala do teu corpo sempre que ele está pertinho de mim, te senti em um abraço imaginário e com um sorriso completo. Bom dia! O dia está tão bonito lá fora. Fico a imaginar onde o ponto de partida ficou, pois nada vejo quando olho para trás, só o caminho florido e perfumado que vamos deixando.
O desejo do teu corpo, dos beijos, do toque é, contudo, contastantemente atravessado pelos meus dias. Aquele cheiro bom, de pele macia, inebria o ar que respiro. Será que tenho que parar de respirar para controlar os instintos? E quando, em um susto, sinto tua mão a acalmar meu corpo do dia pesado com um toque? Quando páro no tempo e sinto minha boca beijada pela tua? Controlo o desejo? É mais que isso. É muito mais forte. E eu não quero controlar, permito o sorriso abrir e contagiar todo meu corpo da sensação gostosa que sinto. E tudo isso, porque quando amo, amo na avassaladora promessa de fazer-te feliz. É pelo sorriso que ganho sem precisar de um gesto maior, do olhar que reluz quando cruza os meus tal qual. Sinto falta do teu corpo todos os dias do meu lado, mas, sabe, também é gostosa a sensação da saudade incontrolável assim que fecho a porta e fico a observar a subida rápida que faz até que meus olhos já não te alcancem.
'Gotas de amor, girassol..' Busco sempre te fazer presente quando nem sempre é possivel. Passei um dia inteiro escrevendo declarações de amor, poesias e canções só para ter o prazer de sentir teu coração palpitar ali mesmo de onde eu estava, sem precisar tocar para sentir. Mas naquela noite, senti não te encontrar e busquei no que me fez lembrar, a tua presença. Entre a noite e o iluminar singelo, amarelo feito sol, tive sua presença duas vezes. Dobrada no teu carinho e mais uma vez me rendi a timidez que me invade sem conseguir lhe pronunciar uma palavra. Mal de quem pensa demais, de quem tem a insegurança do lado. Mas ganhei sorrisos e promessas, e o coração que pula de dentro do peito é o meu!
"Porque sentimos o que sentimos?" Os filosofos tentaram responder a decadas atrás e hoje eu entendo a resposta. Sentimos porque é assim que buscamos estar vivos. Pela busca da insensatez.
E no final, fico assim, sigo o caminho bonito e do seu lado..

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ps.:

Como todo corpo pede sede, bebe água e, não satisfeito, leva a tua cama a mulher do desejo da tua satisfação. Só assim pode-se dizer: satisfeita! Não assim, mas da forma mais audaciosa de uma beleza que me invade. Nos últimos dias, meus ouvidos tem se deliciado com palavras que deslizam ao corpo, me abre a vida. Pois bem, mas digo que a mais deliciosa de se ouvir, aquelas poucas palavras, curtas, que saem no sussurar de ofegante declaração e é, por si, a mais prazerosa. Diga que mata o tesão em meu corpo e que me ama como tua mulher. Oh, coração, se aguente e aquieta! Se continuar assim levo ao altar da mais pura autonomia, seguro a tua mão e te levo comigo nesse mundo caos.

Antes que o dia acabe, te amo. É isso quem sabe, palavras tão simples para gramatica mas que representam tanto. Quando tocaram a intimidade a primeira vez, de certo, não sabia que seria assim. Um sentimento que cresceu em mim, antes mesmo que os meus lírios voltassem a florescer, e em ti antes mesmo que eu pudesse imaginar.. Mas entre sorrisos e silêncios a paixão transforma. Gosto da tua voz sussurada.
O corpo ainda tem sede, a boca pede beijo a cada segundo e quando não entra aqueles lábios se embaraça na insensatez do pensamento. É como filme em câmera lenta a cada badalar do relógio no saguão. Nos olhos, o brilho que não cala, a verdade que não apaga. Um gesto, uma causa e, de repente, a fagulha que escapa da fricção.
E assim, entre sonhos, realidade e fantasia só se escuta o pulsar ritmado do coração e a respiração que chega a faltar..

Mas o que seria de mim, se não olhasse nos olhos depois de dizer
                                                                   
                                                                                                        Eu te amo!

No rolar da cama entre lençois, sorrisos emergem na face que vejo refletida em teus olhos. É minha!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

"Só enquanto eu respirar..

Ontem a noite a Lua veio beijar o mar. O coração apertadinho de tamanha saudade. Foi assim, como ver o mar.. Seus olhos mareados de uma certa angustia, uma falta inconsolável, mas uma grande felicidade após escutar da estrela que lhe acompanhava que havia um coração, longe, batendo na mesma intensidade do dela. Um ritmo descompassado feito musica que começa a nascer. Escuta.. faz silêncio e logo chega aos seus ouvidos, baixinho, feito canção de ninar, a melodia suave deslizando ao vento.
Ainda que penses estar cedo, a menina sentia falta do beijo que ganhara a dias atrás. Queria ouvir aquele coração bater bem nos teus ouvidos, sentir a respiração ofegante como naquela noite. Ah! coração. Se aconchegue mais perto, aquece esse corpo que treme à ausência do teu.
E sabe, que sensação mais gostosa sentir-se apaixonada. Ter os olhos brilhando toda vez que o pensamento é teu, as mãos geladas e o coração palpitando sempre que os olhos se encontram. Ah, como é bom. Sentir os pés sairem do chão só por ouvir tua voz. É como a Lua que se esconde, mas temos a certeza que ela está lá, logo ela aparecerá, sabe?
Eu não me assusto, não me privo e não me envorgonho da intensidade do momento. Quero vivê-lo, quero sentir cada pedacinho teu. E assim, quero me lembrar de você..


Música tema: Só enquanto eu respirar, Teatro Mágico.

domingo, 9 de janeiro de 2011

"Que não seja imortal, posto que é chama..

Ainda sim, que seja imortal. A imortalidade está dentro, não fora. Não participa da temporalidade do mundo externo, tem a ver com coisas do coração. E se apaixonar é assim. Pode acontecer com o tempo de convivência, mas em mim, quando acontece, sei logo no primeiro olhar. O pensamento começa a ser direcionado sempre a um mesmo ponto, logo ai já digo - é, pode ser um romance imprevisivel. Gosto de pensar assim, mesmo que dure pouco, o que importa é a intensidade do momento vivido.
Apaixonar é lembrar do dia do primeiro beijo, do momento que ouviu a primeira palavra pertinho do ouvido e sabia que queria ouvir aquela voz por muitas outras vezes pertinho do ouvido. É se encontrar algumas vezes com frequencia, e no primeiro momento que percebe que ficará alguns dias sem se ver, ter a gostosa ousadia de sentir saudade. É buscar encontrar no outro todos os sinais que lhe viram a cabeça. Passar uma noite velando o sono e tentando decifrar o sonho que tens, pelo leve sorriso que abriu. É acordar pela manhã e ouvir um "bom dia" gostoso, guardar um abraço e voltar a fechar os olhos.
Dentro do meu mundo, o fantastico mundo que criei, se apaixonar é mistério. Mas antes de tudo, é a fase gostosa antes de ter certeza que é a escolha certa.
Hoje digo que tenho saudades por estar longe. Sinto falta do sorriso mais gostoso, sabe quando alguém sorri com todos os elementos do rosto? Aquele sorriso de boca, boca bonita, de beijo, de sensação; de olhar, olhar sincero, luminoso, delicado; e aquela covinha mais linda que merece beijo? É desse sorriso que sinto falta. Também do toque suave, do carinho gostoso, do abraço que aconchega, do olhar que me invade, do beijo que me fascina, da voz que me enlouquece no ouvido e mais e mais e mais.
Apaixonar-se, verbo digno de conjulgação.
É, meu caro Vinicius, deixemos que seja imortal, porque a chama continuará viva. E de todo,
                                   
                                             ...mas que seja infinito enquanto dure."