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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Feridas da carne

Sentimentos são feridas, latejantes ou não, sofrem o doloroso processo de cicatrização quando, por ocasião, findam. É a inconsciência alheia que grita pelos olhos. Deixam marcas que chegam a percorrer intrinsicamente teu corpo. E ficam! Mesmo que essa não seja a tua vontade, eles sempre ficam. E os resquicios são inevitáveis. O desenho que você sempre lembra pregado a um canto qualquer do pensamento.
As pessoas pra mim são assim, as vezes, viro refém ativa de feridas. E algumas delas se tornam eternamente quente, pulsando onde se chega a ver até o movimento da carne ainda viva. É aqui que o sangue escorre, vermelho paixão e não pára. É um sentimento que cativa, que perfura a pele transformando o que não existe em algo tão real que chega a ofuscar os olhos. A lâmina do prazer rente a pele desliza firme. O corte é preciso e, voilá, ai está a marca que nunca mais sairá do seu imaginário. E o que opera não é a dor, mas a satisfação de nunca se esquecer. De ter em si, desenhado a mão com a minusiocidade de um artista, a figura perfeita do objeto da sua salvação. A invocação do desconhecido, a invasão do prazer, a vivacidade do belo. Obra de arte, sim! Não deixaria tatuar-me o corpo se não soubesse que teria estampado na face um sorriso doce.

O gosto peculiar ainda na boca e os pés descalçados pousados ao chão. Fim de tarde, a meia luz vinda do céu e aqui, o brilho regado de afeto nos olhos e um leve sorriso se confundem às cores bonitas ao seu redor.

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